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Somos aproximadamente 62 ex-alunos do INATEL - Instituto Nacional de Telecomunicações de Santa Rita do Sapucaí - MG, graduados em dezembro de 1981. Vivenciamos por 5 ou mais anos, a rotina da vida universitária em uma cidade pequena. E com direito a tudo que a vida nos proporciona: a alegria e a tristeza; a serenidade e a raiva; a amizade e o antagonismo; o sucesso e o fracasso; a esperança e o ceticismo; a afeição e o desapreço, a ambição e o desapego. Perfeitos e imperfeitos como todos seres humanos.

 

Iniciamos o nosso curso em 1977 com cerca de 120 colegas. Nesse ano a estrutura do curso de Engenharia de Telecomunicações sofreu uma profunda reformulação, sendo a principal alteração, o acréscimo de 1 ano na carga horária. Assim fomos a primeira turma cujo curso teve a duração de 5 anos.

Numa era pré-globalização, testemunhamos as primeiras articulações do INATEL em torno da realização do  sonho da benemérita da região, D. Sinhá Moreira,  e que se fez realidade: a consolidação do Vale da Eletrônica.

 

Com 6 estados de origem representados na turma, o colega mais distante era do Amazonas. O maior número de colegas era de MG e em seguida SP.

A sessão solene de colação de grau foi em 1º/Maio/1982 no auditório da ETE. O baile de gala foi no Club de Campo Fernão Dias em Pouso Alegre. O patrono que a turma escolheu foi o Prof. Justino e é uma escolha que muito nos honra. Temos um apreço especial pelo excelente Mestre. Prestamos homenagens também aos Mestres: José Carlos Goulart, Zé Maria, Mário Augusto, Fernando Monteiro, Baêta e BO. Fizemos agradecimentos especiais aos funcionários: Elizabeth Tominaga, Geraldo Gonçalves, Janete Borges e Vera Lúcia Ribeiro. O paraninfo foi o General José Costa Cavalcanti, então presidente da Eletrobrás e da Itaipu-Binacional. Ele não compareceu mas enviou um representante.

Lembramos com carinho e saudades dos nossos ex-colegas Hélio Ribeiro, João Maia, Penido Stella, Washington, Jeter e Emanuel. O nosso abraço de conforto aos familiares e amigos. RIP.

Lembramos também com carinho e saudades dos nossos ex-professores que já nos deixaram: Costanti, Zé Maria, BO, Mokarzel, Navantino, Fredmark, Aroldo, Luiz Antônio Cury, Luiz Antônio Pereira, Álvaro Rizzi, Celso Junqueira, Francois, Rocha e o então Diretor Luís Gomes. Muito obrigado Mestres!

Hoje, depois de mais de  40 anos da nossa graduação, continuamos seres humanos perfeitos e imperfeitos. Burilamos algumas virtudes, controlamos outras, reforçamos algumas e adquirimos outras na caminhada da vida.

 

Regularmente é organizado um encontro dos ex-colegas. Já foram realizados 11 encontros, sendo nove em Santa Rita e dois no Haras Boa Esperança em Caxambu - MG. Os vídeos dos Encontros estão no link do YouTube na aba Sobre/Contato.

O 12º Encontro já está agendado: 11, 12 e 13 de Outubro de 2024 em Santa Rita do Sapucaí.

Em 2021 completamos 40 anos de graduação. Por razões óbvias não foi possível realizar um encontro presencial.

Então fizemos a comemoração em outubro de 2022.

O texto abaixo é de autoria do nosso ex-colega Humberto (Nino) Marcatti:

40 anos: viva a amizade, viva a mocidade!

Marcus Cícero, filósofo romano, nos ensina que a amizade apenas encontra a sua plena irradiação na maturidade da idade e do espírito.

Voltando de Santa Rita - depois do tríduo festivo que marcou os 40 anos de formatura do INATEL da minha turma - sozinho, dirigindo e conversando comigo mesmo, fui da divagação à reflexão sobre o poder da amizade. A primeira imagem que pairou sobre a minha cabeça foi a de um amigo querido de longa data, que todos os anos, no primeiro churrasco, ainda no mês de janeiro, com um copo de cerveja em uma mão e um pedaço de carne na outra, alegremente, nos perguntava: “eu quero saber o que nós vamos fazer nesse restinho de ano?”. Uma penumbra momentânea deixou o meu pensamento à deriva. Eis que vieram os momentos marcantes do nosso encontro quarentão, à luz, me questionei: “o que nós vamos fazer nesse restinho de vida?”

Cheguei ao Real Palace Hotel, no porto costumeiro, por volta das 13h do dia 13 de outubro de 2022, uma quinta-feira. Álvaro, meu amigo de república, me esperava para almoçarmos juntos. Outro amigo, também republicano, o Moyses, que visitava a mãe quase centenária, só chegaria ao finalzinho da tarde. O evento incansavelmente bem-organizado pelo Edu, Luís Pinto, Maurício e Portelinha ainda contaria com as presenças do Bitencourt, Claudião, Claudinho, Dimas, Godoy, Ivanovitch, Osmar, Salatiel e Turco. De pronto, cheguei a pensar: “puxa vida, éramos 62, agora só 16?”. Pensei! Muitos estão dispersos pelo Brasil ou pelo mundo, cinco infelizmente já faleceram e outros apresentaram justificativas compreensíveis. Parecia pouco, mas não era não. É sabido que encontros dessa natureza reúnem os mais engajados, os que mais apreciam a história construída e, por que não dizer, os mais brejeiros.

Quem participa, gosta, reprisa e alimenta novos encontros: o primeiro aconteceu em 2002 (20 anos); depois, em 2011 (30 anos); em 2012, em 2014, em 2015, em 2016, em 2017, em 2018 e em 2019. O encontro de 2020 foi cancelado pela Covid. O de 2021, que abraçaria a comemoração dos 40 anos, diante do agravamento da Covid, também não aconteceu. Em 2022 teria o encantamento como um passe de mágica.

Lá pelas 21 horas estávamos todos a postos para o primeiro evento na casa do Portelinha. No cardápio: costelinha de porco com mandioca; cerveja, que cada um levou a sua; salgadinhos fritos na hora; cachaça e caldinho de feijão. Lá recebemos as canecas e as camisetas alusivas, previamente encomendadas, para materializarmos mais um grande momento da nossa história.

No dia seguinte, no Inatel, visitamos uma das salas de aula onde estavam expostos livros, provas, requerimentos de revisão, apostilas, cadernos, séries de exercícios, jornais e diversos documentos usados e guardados pelos alunos mais caprichosos para com a nossa memória. Ali, reencontramos o professor Justino, as secretárias de apoio da nossa turma, Janete e Beth. Um reencontro gostoso com o passado. Na sequência, nos dirigimos para o auditório Aureliano Chaves. O MC Maurício fez uma breve abertura e pediu para que cada um falasse um pouco da carreira e da vida a partir de 1981. Todos se apresentaram, felizmente, com boas histórias, mostrando crescimento profissional e humano. Em alguns momentos, nossos olhos marejavam pela emoção. A narrativa mais emocionante foi a do Salatiel ao narrar a luta que ele empreendeu contra a Covid, chegando, por diversas vezes, a imaginar que não sairia vivo daquele hospital. Felizmente, superou.

O professor Justino, depois de ouvir atentamente os nossos relatos, buscou a narrativa de um cinegrafista que acompanhou a evolução de um filhote de águia que ao chegar à fase adulta e perceber que o seu entorno não lhe ofereceria alimento suficiente para viver, levantou voo, o mais alto possível, abriu as asas com a máxima envergadura e as bateu com tanto vigor que ganhou velocidade e desapareceu no horizonte. Justino usou a metáfora para dizer que sempre encarou a participação dele, como professor, na vida dos alunos como a do cinegrafista que observou a evolução da águia. Depois que nós (alunos) abandonamos o ninho (INATEL), ganhamos o mundo e fazemos coisas fantásticas. Concluiu: “sempre me orgulhei e sempre fiz questão de divulgar: o mundo só progride quando o aluno supera o mestre”.

Na sequência, o professor Justino ministrou uma sensacional aula da saudade: “Equações de Maxwell e sua interpretação”. Começou falando das quatro forças fundamentais da natureza: gravidade, nuclear forte, nuclear fraca e eletromagnética, dando a esta última o maior destaque. Explicou que Maxwell encontrou um sistema de 20 equações, que mesmo sem os recursos da análise vetorial, conseguiu descrever com exatidão todos os fenômenos eletromagnéticos, inclusive colocando a luz como fenômeno eletromagnético, que até então, eletricidade e magnetismo eram estudos separados. Desenvolveu o raciocínio mostrando que os campos que variam no tempo deslocam-se no meio, constituindo a denominada onda eletromagnética e transportam energia através do espaço, onde cada ponto da frente de onda de luz atua como se fosse uma fonte secundária de irradiação, que manda a energia cada vez mais para a frente. Lembrou que esse conceito só viria a ser aceito como verdadeiro quando passamos a receber a luz das estrelas cada vez mais distantes, inclusive daquelas que se apagaram há milhões de anos. Terminou concluindo que com as equações de Maxwell nós podemos provar que a partir de uma origem a energia se propaga na direção do espaço, para sempre.

O MC Maurício fez a leitura do agradecimento aos nossos pais e aos nossos mestres. Ivanovitch repetiu o juramento da turma devidamente acompanhado por todos. Os falecidos foram lembrados e homenageados. O vice-diretor, prof. Guilherme, nos deu as boas-vindas em nome do INATEL. Defronte ao prédio principal, no jardim de entrada, depositamos flores no busto do Prof. Nogueira Leite, fundador do INATEL.

À noite nos reunimos no famoso Bar do Bá, com seus petiscos e cervejas geladíssimas, jogamos conversa fora e revisitamos as saudades das descontrações dos tempos de estudantes.

No sábado, 15, fomos para o tradicional churrasco no Sítio Padre Cícero, no condomínio Portal da Serra, que contou com a presença do professor Justino e que foi novamente homenageado. Um delicioso bolo embalou o “Parabéns a Você” gracioso dos nossos 40 anos. À noite, nos reunimos na Pizzaria “O Cortês”, atrás do Santuário de Santa Rita de Cássia.

No domingo, 16, depois do café da manhã, despedi dos amigos que também estavam hospedados no hotel. Às 10h22 marquei no WhatsApp um “partiu Itapira”. Dei uma rápida parada, antes da ponte de cimento da entrada principal da cidade, para fotografar o nosso outdoor.

Voltando ao meu amigo que nos momentos festivos sempre nos perguntava “o que vamos fazer nesse restinho do ano”, querendo sugerir que a gente continuasse sempre se encontrando e se divertindo, todos juntos. Hoje, infelizmente, convive com a Doença de Alzheimer. Ele já não consegue se comunicar, está com a locomoção comprometida e mal reconhecesse os amigos. Felizmente, viveu intensamente a vida, enquanto possível. Um amigo para todas as horas.

Pairou sobre a minha cabeça, também, a figura do meu pai, quando ele ao ficar sabendo da morte de alguém que ele conhecia, diante da idade que se aproximava da dele, exclamava: “novo de tudo!”. Uma régua que subia à medida em que ele envelhecia. Perdi meu pai com 74 anos, hoje eu também digo: meu pai morreu “novo de tudo!”. Todos nós, formandos de 1981, os que se reúnem e os que ainda não aprenderam esse caminho, que formamos amizades por onde estudamos, trabalhamos, divertimos, por todos os cantos, umas continuam fazendo parte das nossas vidas, algumas se dispersaram ou ficaram pela estrada, outras talvez estejam à nossa espera. As pontes das amizades construídas, com aqueles que participam ou participaram das nossas histórias, que nos levam aos nossos portos seguros, animam as nossas vidas, mesmo que a gente se veja só de vez em quando, não devem ser interditadas. A amizade estabelece um laço de união inquebrantável, nos faz um bem enorme à nossa saúde mental e social. Vale a pena pagar para ver.

O que devemos fazer nesse restinho de vida? Continuar cultivando as amizades. Afinal, continuamos moços de tudo.

 

 

 

 

 

 

 

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